Neste último artigo antes do relançamento da coluna À Flor da Pele, gostaria de tratar de um assunto sensível, mas, ao mesmo tempo, necessário: o respeito com os outros e o respeito consigo mesmo.
Por diversas vezes, neste período fora da escrita, uma das maiores dificuldades que tive e ainda tenho, é impor respeito.
Ao começar a estudar Ética em Filosofia e, fora da área acadêmica, em nível pessoal, aprofundar-me no tema do Racismo e suas vertentes, me vi em um beco escuro, amarrada e amordaçada: sem voz. Digamos que nos dois últimos anos, vivi uma crise existencial em pequenos períodos: ora feliz e tranquila, outrora revoltada e decepcionada comigo mesmo. Que fase astral foi essa meu Deus!
Ao perceber quanto desrespeito eu já aceitei, cegamente, nestes anos de vida, pude reconhecer que eu precisava parar de me expressar e refletir severamente qual o meu papel neste mundo. E o maior desafio estava em impor respeito a si mesmo e aos outros.
Acredito que esta seja a fase do jovem adulto de reconhecer o que se quer e elaborar estratégias para fazer acontecer.
Impôr respeito numa sociedade civilizada parece um pouco complicado para pessoas passivo agressivas, agressivas, medrosas, inseguras, sentimentais e nada comunicativas. Ao reconhecer aquilo que está certo e o que está errado, analisando cada minuciosidade, percebemos que não somos seres perfeitos, mas nem por isso indignos de respeito, certo? Afinal, errar é humano. E se não matar, não roubar e não colocar o arroz por cima do feijão, há salvação!

Mas o que será que vão pensar se eu agir emocionalmente? Seja chorando em praça pública ou armando um barraco em uma festa. É neste momento que começamos a ‘auto-tortura’. Você se culpa, entristece e acha que o mundo todo presenciou aquele momento de fraqueza. Se você tiver a autoestima elevada e considerar que você é este mundo todo, talvez isto faça sentido. Eis que uma grande amiga, uma vez, ironicamente, me disse: Ninguém liga! Mas temos o péssimo hábito de dar ênfase aos nossos próprios problemas, erros e imperfeições – isso se chama egoísmo – invés de destacarmos nossas virtudes. E é aí que caímos nas armadilhas de vivenciar relacionamentos tóxicos, solitude e abandono.
E como lutar contra isso?

Auto-perdão
Ao reconhecermos que somos humanos tanto quanto e estamos aprendendo a lidar com o outro sem destacarmos nossos interesses, vontades e expectativas, talvez a Sociedade Perfeita de Platão, no livro A República, seria possível.
Para jovens que exigem de si mesmo a perfeição, parece uma tarefa impossível, mas querem saber de uma coisa? Nós também temos salvação! Se erramos por não ter pensado no que causaria no outro e, principalmente, no que causaríamos a nós mesmos, paciência. Por mais que tenhamos nossas razões, uma pessoa ética não deveria se importar com o que fizeram a ela e sim destacar que a pessoa que a atingiu também é humana e tem seus medos, angústias e imperfeições tanto quanto você. Empatia. As pessoas te respeitam pelas decisões que você toma para sua vida, inclusive, as mínimas decisões. E é chato demais precisar manter essa vigilância em seu comportamento, mas se você praticar, chegará um momento, que você fará no automático. E aí, a forma como você lida com o outro fica muito mais leve e tranquila.
Esta reflexão não vale para questões
sócio-políticas como, por exemplo, o racismo.
Mesmo que eu tenha mencionado acima que foi uma área
que me interessei à nível pessoal, e não acadêmico, o
racismo não tem só haver com respeito,
mas com dignidade e humanismo.
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Sobre a Colunista

Sou Érika dos Reis Bernardes, – oiii – tenho 21 anos e sou uma "fisólofa" – isso mesmo que você leu, não é erro de digitação. Já que não tenho estudo acadêmico a ponto de filosofar como Platão, Aristóteles, entre outros filósofos, prefiro me enquadrar no senso comum de pessoas que dão !pitaco! em tudo.
Uma ‘jovem adolescente’ que ama estudar seu próprio comportamento e que tem prazer em filosofar sobre a vida. Passei boa parte dos 22 anos pensando e aprendendo, principalmente no período em que lutava para me recuperar de um AVC ocorrido, em 2012, assim que cheguei a Imbituba, e, justamente, na escola, e que me acarretou em graves limitações físicas. Tive complicações como hidrocefalia e durante anos precisei reaprender a andar e a falar.
Nas colunas, abordo assuntos que mexem com a cabeça de qualquer adulto: A MENTE DE UM ADOLESCENTE E DO JOVEM. Nestes textos que escrevo trago a verdade nua e crua de um adolescente, mas de uma forma mais poética e dramática, típica do universo Teen. Demonstro também minha visão de mundo em relação a questões sócio culturais que nos atingem. Sem defender os jovens, mas também sem passar a mão na cabeça dos adultos.
Sim! Sou uma guria que recentemente saiu das fraldas que quer dar uma de "sabe tudo" no Portal! Talvez? Quem sabe? Quem sou? Pra onde vou? Quem fui? À Flor da Pele é, com toda certeza, o sinônimo de adolescência e juventude. Hormônios, vida, arte, drama, rock’n'roll, sexo, teorias, ideologias explodem na mente e no corpo dos jovens. Como saber lidar com tudo isso? Mostro o quão neutros precisam ser os pais nessa fase. E o quão conhecedores de si mesmos, os jovens precisam ser para passar por essa incrível saga.
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